terça-feira, 10 de março de 2015

Operação contra o jihadismo na Nigéria


A campanha contra o Boko Haram prossegue, conforme se vê na notícia abaixo (aqui), acerca da operação em conjunto entre Níger e Chade no território nigeriano contra a organização jihadista. Em razão de sua capilaridade, que lhe dá caráter transnacional, seu combate tem demandado o esforço em conjunto dos países afetados, e nesse sentido já postamos aqui sobre manifestações de massa no Camarões em repúdio ao grupo.

O jihadismo wahhabista (salafista) é um fenômeno de caráter reacionário. Além de desvirtuar o preceito corânico original, da Jihad como autodefesa (vide por exemplo 2: 190-193), é fundamentado no obscurantismo religioso mais arcaico. Por isso mesmo, tem sido historicamente utilizado pelo imperialismo, para causar terror, sectarismo e divisão nas sociedades por ele atingidas, conforme seus objetivos, bem como para servir de "mão de obra" contra adversários: vide o apoio ianque aos mujahedin afegãos contra a URSS e aos "rebeldes" sírios contra Assad. Não podemos desconsiderar, também, a miséria, opressão e a falta de perspectivas nessas regiões como elementos que fazem da juventude presa fácil de tais ideologias reacionárias, na ausência de um partido de vanguarda da classe operária que possa canalizar essas forças de forma progressista.

Segue abaixo a notícia.

09/03/2015 09h03 - Atualizado em 09/03/2015 13h16

Exércitos do Níger e do Chade retomam cidade do Boko Haram

Países lançaram ofensiva na Nigéria neste domingo (8). Damasak estava em poder de extremistas desde novembro.

Os Exércitos do Níger e do Chade - que lançaram neste domingo (8) uma ofensiva na Nigéria contra o Boko Haram – retomaram a cidade de Damasak, no noroeste do país, das mãos dos extremistas que a controlavam desde novembro, informaram nesta segunda-feira (9) fontes de segurança do Chade.

Cerca de 200 combatentes do Boko Jaram morreram na ofensiva, assim como 10 soldados do Chade, segundo a fonte. “Damasak foi retomada pela coalizão após violentos combates”, confirmou um oficial nigerino.

Nem o governo nem o exército do Níger, que realiza sua primeira incursão em território nigeriano, fez declarações sobre esta vitória contra o Boko Haram, que jurou no sábado fidelidade ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Os exércitos do Chade e do Níger lançaram no domingo uma grande ofensiva terrestre e aérea contra o Boko Haram no nordeste da Nigéria, a partir do sudeste do vizinho Níger.

Esta ofensiva marca a abertura de uma segunda frente de combate contra os extremista na Nigérias. O Chade também conduz desde o final de fevereiro uma outra ofensiva em território nigeriano a partir de Camarões, do outro lado do Lago Chade.

O presidente do Chade, Idriss Deby Itno, prometeu na quarta-feira destruir "o grupo armado e eliminar seu líder, Abubakar Shekau, se ele não se render".

A rádio privada Anfani, com sede em Diffa, contabilizou no domingo "mais de 200 veículos" militares em um comboio que partiu para a Nigéria.

Milhares de soldados do Níger e Chade estão posicionados há mais de um mês em posição defensiva na província de Diffa, sob o fogo de Boko Haram.

De acordo com uma autoridade de Diffa, os soldados partiram para a guerra sob os aplausos dos habitantes. Homens, mulheres e crianças "acompanharam o comboio por 10 quilômetros" para incentivar os soldados, contou.

O Boko Haram havia tomado Damasak em 24 de novembro, matando cinquenta pessoas e obrigando 3.000 outras a fugir, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Os combatentes islâmicos entraram na cidade vestidos como comerciantes e escondendo as suas armas em caixas de mercadorias.

O Boko Haram, cujo número de combatentes é estimado em vários milhares, reuniu suas tropas esta semana em seu reduto de Gwoza, no nordeste da Nigéria, enquanto que os atentados e massacres de civis continuam no país.

No sábado, pelo menos 58 pessoas morreram e 139 outras ficaram feridas em três explosões - incluindo um ataque suicida - atribuídos aos islamistas em Maiduguri, berço histórico do Boko Haram e capital do estado nigeriano de Borno (nordeste).

No mesmo dia, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, jurou lealdade ao EI, segundo uma mensagem de áudio divulgada no Twitter.

"Anunciamos nossa lealdade ao califa dos muçulmanos, Ibrahim", diz uma voz na mensagem, em referência ao líder do EI, Abu Bakr al-Bagdadi.

O áudio, cuja voz pode ser do próprio Shekau, é falado em árabe mas com legendas em francês e inglês.
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