domingo, 12 de abril de 2015

A direita recua nas ruas, mas a vigilância continua


E acabou em fracasso a nova tentativa da direita -amplo leque, de "liberais" a fascistas descarados- de ocupar as ruas do país neste domingo (12/ 04), querendo repetir os números da manifestação anterior. Conforme a própria imprensa direitista admite, "número de manifestantes é menor do que no dia 15 de março" (aqui). Tal esvaziamento não quer dizer que tais setores estejam derrotados, a uma, porque ainda são números expressivos -uma média de um milhão de pessoas pelo país inteiro-, a duas, porque, com ou sem as ruas, a direita tem conseguido impor sua pauta diante de um PT covarde e acuado.

Desde que chamamos a unidade de ação -inclusive com governistas- contra o golpismo de direita, deixamos claro que eventual derrubada do governo petista é (seria, ou será) apenas um dos episódios da ofensiva reacionária de nossos tempos. Exatamente por isso, ombrear com o PT contra o golpismo -que se insere em uma ofensiva maior- não nos converte em "governistas" ou "defensores do governismo", como o pequenos grupos e seitas sectários e academicistas gostam de acusar. Pelo contrário, trata-se de compreender o momento atual da luta de classes. Não se pode, diante da polarização evidente -evidente, isto é, para além do desejo e fantasias dos "revolucionários"- se abster e chamar uma "outra" via, quando não se possui a menor base social para isso. E tampouco há tempo para construir essa outra via.

Tendo a ofensiva reacionária vários tentáculos (econômicos, institucionais, militares, jurídicos), a suposta diminuição de apoio às manifestações direitistas convocadas pouco altera a conjuntura. Como falado acima, tais setores direitistas têm empurrado facilmente seu programa, como há pouco na terceirização (aqui) e no aumento do limite de desconto em folha dos trabalhadores (aqui), medidas que, apesar de calhordamente apresentadas como modernas e necessárias, consistem em verdadeiras afrontas aos direitos trabalhistas. Isso tudo sob o silêncio cúmplice e covarde do PT, que, em mais um sintoma de prostração, entrega ao vice Michel Temer plenos poderes para a "articulação política" (aqui).

É mais que o governo do PT que está jogo, portanto. O que está sob ataque é a classe trabalhadora e seus direitos, e estarmos cientes da culpa do PT nisso não pode impedir que, estando o governo do PT sob risco de derrubada por setores ainda piores que ele, estejamos na mesma trincheira. Por mais críticas que tenhamos contra a UNE e a CUT, não podemos deixar de lutar ao lado delas quando os adversários são o Clube Militar, a Famiglia Marinho e os integralistas. Só os sectários, aqueles que, como disse Trotsky, "só enxergam duas cores", não conseguem perceber as mediações em jogo.

Dito isso, apesar do soçobro da nova tentativa da direita de tomar as ruas, MANTEMOS o chamado pela FRENTE ANTI-FASCISTA e ANTI-IMPERIALISTA que, na conjuntura, tem também caráter ANTI-GOLPISTA. E denunciamos, como sendo traidores de classe, aqueles do campo da esquerda que desarmam os trabalhadores colocando panos quentes e dizendo que o "perigo passou".
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