quinta-feira, 22 de junho de 2017

Declaração da FPLP sobre os 50 anos da Guerra dos Seis Dias


Publicamos abaixo a declaração da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) nos marcos dos 50 anos da Guerra dos Seis Dias. O Coletivo Espaço Marxista expressa sua total solidariedade ao povo palestino em sua luta contra a ocupação sionista.

Declaração da Frente Popular para a Libertação da Palestina no 50º Aniversário da Derrota de Junho: combater o sionismo e o imperialismo!

05 de junho de 2017

O dia 5 de junho marca os 50 anos da derrota de 1967, cujo principal resultado foi a completa ocupação do resto da Palestina, bem como das Colinas de Golã na Síria e do Sinai no Egito. Esse acontecimento aprofundou o conceito da derrota e suas implicações no pensamento e prática árabes e gerou inúmeros esforços no sentido de se obter uma solução para o conflito árabe-sionista.

A derrota de 5 de junho veio para confirmar a natureza e essência do projeto sionista e suas aspirações de expansão, hegemonia e ocupação da área central da região árabe. Tal ocupação engloba o projeto sionista e seus parceiros e aliados coloniais e imperialistas, com os quais compartilha objetivos e ambições no mundo árabe, dentre os quais o saque de seus recursos e a continuidade da fragmentação e subdesenvolvimento da região.

O episódio também ressaltou a fraqueza da situação árabe como um todo e intensificou suas contradições. Apesar de tudo isso, contudo, também intensificou o movimento de resistência palestino e o enfrentamento popular contra a agressão colonial. Essa escalada da resistência do povo da Palestina e a resposta árabe têm mostrado, diante do projeto sionista e seus objetivos de expansão, que o conflito histórico com o inimigo sionista é uma luta pelo direito à existência, não apenas entre o povo palestino e o inimigo, mas em verdade entre toda nação árabe e o projeto sionista- projeto esse que busca a dependência, subordinação e fragmentação do mundo árabe e o saque permanente de seus recursos e riquezas, garantindo a segurança e estabilidade da ocupação israelense e sua contínua superioridade tecnológica.

Às massas palestinas e árabes...

Apesar de 50 anos se passarem desde a derrota, continuamos a sofrer seus efeitos claramente. Nos termos do projeto sionista, temos presenciado a ocupação continuada da Palestina e outras terras árabes, apesar das numerosas resoluções internacionais que não reconhecem a ocupação e exigem a retirada. Na prática, a colonização por terra tem aumentado incessantemente desde aquela época. Os líderes do projeto sionista continuam o terror e a limpeza étnica que começou antes de 1948 contra o povo palestino, e seus exércitos e força aérea continuam a atacar os países árabes. O apoio que o sionismo dá a movimentos reacionários e extremistas tem como objetivo causar mais dificuldades e agravar ainda mais a situação árabe, que já sofre com a fraqueza e fragmentação nacional e social. Isso tudo está funcionando conforme a guerra aberta que tem causado danos e erosão no mundo árabe, através da violência e da pressão nos campos político, econômico e militar, criando apatia e complacência diante do projeto imperialista.

Portanto, à luz das constantes agressões, colonialismo e ocupação ianque-sionistas, nós da Frente Popular para a Libertação da Palestina enfatizamos as seguintes tarefas e prioridades:

Primeiro, rejeitar as consequências políticas e militares da Derrota de Junho e todas as tentativas desesperadas de levar o conflito árabe-sionista a uma chamada "solução pacífica", o que exigiria o reconhecimento da legitimidade da Entidade Sionista e de sua existência, desde Camp David aos Acordos de Oslo e Wadi Araba. Nós rejeitamos todas as tentativas de normalização entre os Estados árabes e o inimigo sionista, que são na verdade tentativas de camuflar a real natureza do conflito. Tal conflito tem, de um lado, os poderes imperialistas, o projeto sionista e sua ferramenta (a ocupação "israelense"), e, do outro, a nação árabe como um todo. Essa luta é pela libertação de toda a terra da Palestina e o retorno de seu povo, de onde foram desalojados, através de expulsão e limpeza étnica, e também pela libertação do povo árabe e por sua autodeterminação quanto ao seu destino, riquezas e recursos, o que se conseguirá através do desmantelamento do Estado Sionista, um Estado de ocupação, agressão e de guerra permanente contra os palestinos e árabes.

Segundo, rejeitar o chamado "Encontro árabe-americano-islâmico" de Riad [ocorrido em maio, com a presença de Trump], cujo objetivo é distorcer a principal contradição na região, que se dá com o projeto sionista e o Estado "israelense", e levar a outro conflito, no caso contra o Irã, através de uma suposta aliança "sunita"-israelense-americana. É uma tentativa de adaptar a política árabe aos interesses do projeto imperialista e sionista, e garantir a dominação do Estado Sionista na região. Também é uma forma de atacar as forças de resistência palestinas e árabes, que foram descritas nesse Encontro, nas palavras do presidente norte-americano Donald Trump, como "terroristas".

Terceiro, combater os resultados desse Encontro através de uma ampla aliança de forças oficiais e populares árabes, unificando todo o campo progressista que luta pela libertação e liberdade contra o imperialismo e o sionismo na região. Esse luta requer a ativação da Frente Progressista Árabe baseada em táticas e estratégias claras.

Quarto, cessar toda confiança árabe e palestina no caminho da chamada "negociação", o qual já provou na prática ser doloroso, prejudicial e um fracasso completo na realização dos objetivos árabes e palestinos. Depositar qualquer confiança em um suposto papel positivo de Trump é apenas alimentar ilusões. A administração Trump vem para continuar e intensificar a estratégia e a política das administrações anteriores, garantindo a segurança, estabilidade e superioridade militar da ocupação sionista. Portanto, se esforçará apenas para impor soluções políticas que atendam à visão norte-americana/ israelense.

Nossa escolha é pela luta de resistência do povo palestino por libertação, e não por absurdas negociações com o inimigo sionista. Isso inclui a rejeição das resoluções do Conselho Central Palestino e do Comitê Executivo da OLP bem como das negociações e atividades coordenadas com a ocupação, buscando a ruptura total do Acordo de Oslo, suas consequências políticas e econômicas e seu desastroso impacto sobre a luta de libertação palestina e nossos direitos.

Quinto, priorizar a reconciliação palestina e empreender esforços para encerrar as divisões. Isso inclui o fim de todas ações tomadas [pela Autoridade Palestina na Cisjordânia] contra a Faixa de Gaza, e buscar uma resolução coletiva visando acordos de conciliação. Inclui também a reconstrução e restauração das instituições nacionais palestinas, principalmente a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), fundadas em bases nacionais e democráticas. Não é admissível que tais instituições sejam espaços de exclusivismo e monopólio; ao contrário, devem estar abertas para todas as forças, instituições e estratos sociais que queiram participar da discussão dos assuntos nacionais palestinos.

Sexto, saudamos os bravos prisioneiros e sua luta por liberdade e dignidade, há 41 dias em greve de fome [nas prisões israelenses], enfrentando a ocupação e sua política desumana. Afirmamos nosso total apoio à luta dos prisioneiros até a liberdade e o retorno do nosso povo à sua terra natal.

Glória ao povo palestino, à nação árabe e à brava resistência!

Glórias aos mártires e liberdade para os prisioneiros!

A vitória é inevitável.



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