quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Se não formos fortes o racismo nos vence


Luciane Almeida

De todos os aspectos da luta de classes, a que eu mais me identifico é a luta contra o RACISMO.

É quase inacreditável que em pleno século XXI ainda existam pessoas que se achem "superiores" por causa da melanina presente na pele do próximo. Somos todos seres humanos! É tão difícil enxergar isso?

Nós vivemos hoje no Brasil (e eu acredito que é um fenômeno presente em muitos países) uma polarização de ideologias. Porque nós não conseguimos perceber que o nosso inimigo (o SISTEMA) é um só?

Quando eu me deparo com o racismo, eu fico tão chocada que a minha incapacidade de reação imediata é instantânea. O racismo nos machuca e está presente em todas as esferas. Com esta polarização toda, os preconceituosos perderam a vergonha, esta onda fascista tem dado voz para estas pessoas do mau. Mas e o que nós estamos fazendo contra isso de fato?

Quando eu era criança ou adolescente, frequentemente ouvia deboches relacionados com o meu cabelo, piadas racistas, ou não era considerada "bonita" por causa da minha pele. Há 3 anos atrás eu fui vítima de racismo (depois de muitos anos sem ouvir nenhum deboche ou piada) no interior do Rio Grande do Sul, e depois disso eu sofri ou presenciei (inclusive no ambiente de trabalho) mais algumas vezes.

A resistência é diária, ela nos faz chorar, mas se não formos fortes o racismo nos vence.

Quando vocês pensarem que tudo hoje é "mimimi", que não pode mais "brincar" ou fazer uma "piada", tenham a humanidade de lembrar desse relato, e de tantos outros que vemos por aí, como o caso da menina que foi confundida com uma faxineira – NÃO É VERGONHA PARA NINGUÉM SER FAXINEIRA – porque era negra (ela era mestranda), ou o caso do menino negro adotado que foi proibido de entrar na praça de alimentação de um shopping de "classe média-alta" por causa da sua cor.

Se eu for rebuscar todos os casos que vi, li ou sofri, vou escrever um livro.

Hoje eu penso que essas pessoas que cometem racismo são dignas de pena, e por mais que eu perdoe elas, pelo simples fato de que eu sou capaz de perdoar, eu resistirei na luta SEMPRE!

Finalizo o meu texto com uma frase do Gandhi, - apesar das críticas que tenho a ele - que eu gosto muito e sintetiza o meu sentimento em tempos tão sombrios: "Amanhã talvez eu tenha que me sentar em frente aos meus filhos e lhes dizer que fomos derrotados. Mas eu não poderia olhar para eles nos olhos e lhes dizer que hoje eles vivem assim porque não me animei a lutar".

Hasta la victoria siempre, companheiros.
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